sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Nanini leva Odorico Paraguaçu ao teatro

Com direção de Enrique Diaz, "O Bem Amado" entra em cartaz hoje no Rio

Além de encenar a peça em São Paulo, no ano que vem, Nanini pretende filmar com Gerald Thomas e ampliar sua empresa de produção

Folha de São Paulo


É o primeiro ensaio geral de "O Bem Amado", texto de Dias Gomes que virou novela e minissérie nos anos 70/80. Cerca de 300 crianças de escolas municipais lotam o Teatro das Artes, no shopping da Gávea, no Rio, onde a peça estréia hoje.
O atraso para o início já é de mais de uma hora, quando Marco Nanini surge entre as cortinas. Há alvoroço, mas seu pedido de silêncio para gravar uma entrevista para TV no cenário é rapidamente atendido.
A maioria conhece o ator como Lineu, seu personagem no seriado "A Grande Família", que já está no ar há sete anos e ganhou bem-sucedida versão cinematográfica -o filme levou 52% do público dos longas brasileiros no primeiro semestre.
Nanini finalmente entra no palco como Odorico Paraguaçu, a platéia acompanha com atenção. Não se vê mais o "popozão", o apelido de Lineu.
"Me surpreendeu, eles ficaram atentos", comenta Nanini, após o ensaio, que aconteceu na última terça-feira.
Embora o espetáculo tenha fisgado as crianças (a faixa etária era de 12 a 17 anos), a parte política do texto parece desconectar a platéia. Ele concorda. "Eles ficaram mais apáticos."
A juventude estaria se distanciando da política? "Eles são muito garotos, não sei avaliar, mas se isso acontecer vou ficar arrasado", diz o ator de 59 anos.
Nanini se mantém profícuo no teatro, trabalhando com diretores como Gerald Thomas, Felipe Hirsch e Enrique Diaz, que encena "O Bem Amado".
A idéia da peça surgiu a partir de dois convites, um para fazer o texto para o cinema e outro para a televisão.
"Achei coincidência receber convite para os dois veículos quando a origem de tudo era o teatro, e eu fazia teatro. Isso me levou a reler a peça e a achei muito atual", conta. Os outros projetos ficaram arquivados.
"A peça é uma farsa, todas as situações são pintadas muito fortemente, o que não caracteriza nenhum vínculo partidário. Trata-se de uma peça escrita em 1962, portanto antes da ditadura, que vem criticando o coronelismo de muito tempo."
Para criar seu Odorico, Nanini não assistiu à novela. "Lembro do Paulo Gracindo, a interpretação dele ficou muito gravada. Tenho essa imagem na cabeça, mas só agora vou começar a ver", explica.
O mesmo processo aconteceu em "A Grande Família". "Vi muito pouco do Jorge Dória, depois do personagem assimilado é que fui assisti-lo."
Avesso a cultura da celebridade, Nanini tem de lidar com a popularidade trazida pela TV. "Tem lugares que eu não posso ir por causa do Lineu. As pessoas ficam íntimas, dão tapinhas nas costas", conta.
Seu cotidiano é gravar três vezes por semana. Os planos são ampliar sua empresa de produção e estrelar um filme dirigido por Gerald Thomas. Em abril do ano que vem, "O Bem Amado" estréia em São Paulo, no Cultura Artística.

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