segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Morra de inveja!

Feira de funerárias tem caixão rosa "da Barbie" e axé music

da Folha de S.Paulo, no Guarujá (SP)

O cenário de dezenas de caixões empilhados, urnas de cremação coloridas e carros de funerária só parece mórbido para quem não é do ramo. Para os visitantes da Funexpo, feira voltada a agentes funerários que terminou no final de semana no Guarujá (SP), é tudo muito bossa nova, tudo muito natural.

Caixão da Barbie? "É, está todo mundo chamando de "caixão da Barbie". Criei como opção para as mocinhas. Ou para homens também, vai saber", diz a fabricante Regina Agostinho, de Valença (RJ). O modelo sai no atacado por R$ 1.080. Há outro lilás, com paetês e renda purpurinada, que "está na mesma faixa de preço".

Para atrair clientela, o estande sorteou três caixões infantis de design arredondado e pinturas de anjinho e estrelinhas, criado para tentar amenizar, no que for possível, o choque do formato tradicional.

Outros itens em exposição: lápides; coroas de flores de plástico; maquiagem funerária em seis tons de pele, da mais alva à mais escura; caixões de diversos tamanhos, como "alto", "gordo" e "supergordo".

Como em qualquer feira de negócios, existe disputa para chamar a atenção. Uma empresa contratou dançarinos de axé. E eis que o trio, um rapaz, uma loira e uma morena, surge com a coreografia de "Berimbau Metalizado", de Ivete Sangalo.

"No começo, achei meio estranho dançar aqui, mas depois fiquei tranqüila. Acho que o pessoal gostou bastante", diz a dançarina Natalie Miacci, 22.

O evento acontece a cada dois anos em São Paulo, mas desta vez migrou para o Guarujá para agregar lazer à viagem. O logotipo da feira é um caixão sorridente equilibrando-se sobre uma prancha de surfe.

"Achei as praias paulistas lindas, pena que não fez sol em nenhum dos dias", lamenta Sérgio Guimarães, relações-públicas do sindicato funerário do Ceará, que veio em delegação de 50 pessoas para a feira.

Marcelo Celloto, vereador em Pedreira (SP) e agente funerário há dois anos, trouxe mulher e os três filhos (quatro, seis e nove anos). "Eles estão muito acostumados. Nós moramos na funerária: a casa fica em cima, a funerária fica na parte de baixo. Para nós, é tudo normal."

Sindicatos da categoria também estavam lá. "O patrão de carro novo e nós comendo pão com ovo", protesta o cartaz de trabalhadores de Minas Gerais. A três estandes dali, uma agremiação de patrões estampa o cartaz: "Eu tenho orgulho de ser agente funerário".

Palestras de motivação agregaram visitantes e expositores. Algumas dicas do consultor Alfredo Rocha no seminário "Vendas e Atendimento": "Quais são as maiores mentiras da venda? Uma delas é "não tem clientes". Você pensa: "Mas ninguém morre mais?" Não é verdade. Tem 7 bilhões de sujeitos na terra. Que estão durando mais, é verdade. Mas que, uma hora, vão morrer!" O público aplaude.

PS. Por favor, no meu enterro, contratem a Ivete Sangalo! :P Móooorbido!!! Creeeedo!



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