sábado, 22 de dezembro de 2007

População do país cresce menos que previsto

Novos dados do IBGE mostram que Brasil tem 183,99 milhões de habitantes, 3 milhões a menos do que as estimativas.

Previsões sobre a evolução populacional nos próximos 40 anos serão refeitas; Brasil tem hoje 11.422 pessoas com mais de cem anos.

ELVIRA LOBATO
PEDRO SOARES

Ao contar a população de 5.435 municípios para o Censo de 2007, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) descobriu que o país tem 3 milhões de habitantes a menos do que apontavam as estimativas oficiais até então. No cálculo revisto, o número de brasileiros baixou de 187,23 milhões para 183,99 milhões.
Os dados mostram que o número de mulheres na população superou o de homens e que há pelo menos 11 mil pessoas com cem anos ou mais e 17 mil casais do mesmo sexo.
A contagem populacional foi feita nas cidades com até 170 mil habitantes. Nos Estados com apenas um ou dois municípios com população superior a esse limite, o Censo teve abrangência de 100%. Ficaram de fora as 129 maiores cidades, que representam 40% da população do país. Nesse grupo, o número de habitantes foi reestimado com base na taxa de crescimento apontada no Censo.
O IBGE imaginava encontrar 29 milhões de domicílios e 111 milhões de habitantes nas localidades recenseadas, mas contabilizou 30 milhões de residências e 108 milhões de brasileiros. A média de pessoas nos domicílios, que era de 3,9 em 2000, caiu para 3,5 em 2007.
Segundo o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, as estimativas pressupunham uma taxa anual de crescimento populacional de 1,4%. Mas o Censo mostrou crescimento inferior, de 1,2% ao ano. Em razão disso, todas as estimativas sobre a evolução da população para os próximos 40 anos serão refeitas. Essas projeções só serão conhecidas no ano que vem.
Até agora, o IBGE previa que a população chegaria ao ápice de 260 milhões de habitantes em 2060. A partir daí, começaria a declinar por conta da queda da fecundidade e do envelhecimento populacional.
Diante dos novos números, o país não deve atingir essa marca. Ficaria na faixa de 258 milhões, se a fecundidade se mantiver no atual nível -dois filhos por mulher.
A taxa de natalidade vem caindo desde a década de 1960. Se fosse mantido o ritmo daquele período, o Brasil já teria 260 milhões de habitantes, segundo Nunes.
"Os dados indicam um processo muito importante: a redução nítida da taxa de fecundidade da população, o que vai definir um perfil novo da população brasileira, mais maduro e envelhecido. A proporção de crianças vai se reduzir, e a população de idosos vai aumentar, o que terá implicações nas políticas públicas de saúde e Previdência. Um retrato disso é o número de pessoas com mais de cem anos", disse ele.
Pela primeira vez, o IBGE divulgou dados sobre pessoas com cem anos ou mais. São 11.422 nos 5.435 municípios.
Prova de que as mulheres são mais longevas, elas representam 70% desse total -ou 7.950. Esse número pode triplicar quando as grandes cidades forem recenseadas em 2010, pois a expectativa de vida é maior nos grandes centros em razão do maior acesso aos serviços de saúde.
Chamam atenção as capitais do Maranhão (São Luís) e do Rio Grande do Norte (Natal) com 144 e 118 pessoas nessa faixa, respectivamente, além da Bahia, o Estado com maior número de pessoas com cem anos. Ao saber disso, dona Canô, 100, moradora de Santo Amaro (71 km de Salvador), apressou-se: "A Bahia sempre tem uma coisinha a mais".
Essa coisinha, para dona Canô, mãe dos cantores Caetano Veloso e Maria Bethânia, é a soma da despreocupação com o clima agradável. A matriarca comemorou cem anos em 16 de setembro. "Se eu chegar a mais alguns anos, quero passar aqui mesmo. Mas se não chegar, eu já estou satisfeita", diz.

Políticas públicas
O perfil mais envelhecido da população representa um desafio em termos de políticas públicas, avalia Nunes. ""Novas questões serão colocadas, como a construção de mais clínicas geriátricas, e menos de pediátricas; a adaptação de imóveis e de ônibus para a população mais velha", afirmou. De 1940 para 2007, a expectativa média de vida do brasileiro passou de 40 para 72 anos.

Folha de São Paulo

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